Na prossecução de uma estratégia de regeneração e reabilitação urbana de espaços e equipamentos públicos, o município de Vila Nova de Foz Côa, na perspectiva de atrair maior actividade para a zona antiga da cidade e concretamente para o seu centro histórico, decidiu iniciar o procedimento para a elaboração do Projeto de Reconstrução e Reconversão da antiga Casa dos Almeidas, no último trimestre do ano de 2016.
Desta forma optou por proceder ao lançamento de um concurso de Conceção para a elaboração do respetivo projecto, uma vez que entendeu ser a estratégia indicada para atingir melhores parâmetros de qualidade arquitectónica.
Foi a primeira vez que este município decidiu optar por um procedimento de concurso de ideias – Concurso de Conceção - para a elaboração de um projecto de arquitectura, por entender que este empreendimento necessitava de ser questionado e pensado por mais equipas projectistas, para uma mais profícua e acertada escolha por parte do Júri. Este Júri era formado por 3 técnicos do município e mais 2 técnicos de municípios vizinhos, constituído maioritariamente por arquitectos.
O concurso tinha como objecto a selecção de 3 trabalhos de conceção, ao nível do programa base. Na sequência do concurso o município celebraria um contrato de prestação de serviços, por ajuste direto (ao abrigo do Código dos Contratos Públicos) com o concorrente classificado em primeiro lugar.
O concurso foi bastante concorrido, tendo apresentado propostas 22 equipas projectistas - 21 originárias de todo o país e 1 equipa de Espanha.
Como resultado foram seleccionados os 3 trabalhos que foram premiados. Passando a citar um extrato da apreciação do Júri:
“O Júri pretende aqui deixar o testemunho pelo desejo expresso de valorização do património, num território onde confluem dois Patrimónios Mundiais – o Alto Douro Vinhateiro e a Arte Rupestre do Vale do Côa, motivo pelo qual pretendeu alargar o leque de abordagens e entendimentos diferenciadas nesta intervenção para que fosse tomada opção arquitectónica e sustentável mais adequada.
O Júri congratula-se assim, pela qualidade das propostas e pela diversidade das soluções apresentadas que na sua generalidade entenderam a dimensão patrimonial e cultural subjacente”.
A escolha do trabalho vencedor recaiu sobre o que correspondeu à equipa “ADVD, José David Silva, Arquitectura, Design e Visual Design, Lda”, por o Júri ter entendido que:
“…A proposta denota um entendimento claro dos pressupostos do concurso, tendo “absorvido” plenamente o conceito pretendido. A opção de localizar o acesso principal na Rua da Fraga, na confluência com a Rua Major Caldeira e, a partir deste ponto, se “…começa a história que queremos contar, o acontecer coisas…” - mostra-se uma solução interessante… . O Júri entende que o resultado final, ao nível da volumetria, do enquadramento, das mais-valias e do “enredo” do conjunto, a presente proposta é a melhor opção para se prosseguir com o objetivo final – o de “chamar” de novo à vida, patrimónios praticamente perdidos e fazer com que possam de novo dar um contributo ativo na cidade, como testemunho das suas gentes e do património de forma apelativa e sedutora.”
A proposta reinterpreta este património, conciliando o antigo com novas apostas programáticas e formais, novas texturas, volumes e materiais que se relacionam entre si e dialogam num respeito mútuo. Reconstruir e Reabilitar deve ter sempre em conta os valores e a sustentabilidade. Aqui é proposto a manutenção do edifício principal, com as suas janelas e grades características e as suas chaminés, que constituem praticamente um ex-líbris deste edificado e que sempre se entendeu serem importantes nas opções a tomar.
Refira-se alguns dos objectivos programáticos do concurso:
“Uma vez que o edificado existente se encontra em avançado estado de degradação, será necessário conferir-lhe uma nova estrutura de suporte que se adeqúe ao espírito e conceitos da reabilitação atuais.
Será necessário proceder a uma prévia avaliação de todos os elementos constitutivos da edificação, de modo a serem tomadas as opções mais adequadas no que respeita à manutenção / demolição / reconstrução dos diferentes elementos.
Pretende-se que o Projeto contemple a reabilitação do edificado existente, através da reconstrução e possível ampliação, tendo em vista a definição de espaços acolhedores, onde se possa incluir o estar, o conhecer, o lazer, o comer/beber e o pernoitar.”
O projecto vencedor foi remetido aos serviços técnicos da Direção Regional da Cultura do Norte, entidade que tutela o Património, e que aqui se transcreve parcialmente:
“…Da análise dos elementos apresentados, considera-se que o presente projeto é passível de contribuir para a reabilitação do património edificado degradado, para além de promover a criação de uma nova dinâmica urbana e cultural numa área menos valorizada da cidade, pelo que nos merece globalmente concordância.
Em conformidade com o exposto, propõe-se a emissão de parecer favorável à pretensão.”
Para informação mais detalhada, os interessados poderão aceder ao link que se assinala em baixo e que diz respeito ao: