No termo da freguesia de Horta do Douro existem vestígios de períodos e ocupação Pré-Histórica: no Alto do CASTANHEIRO DO VENTO, sendo visível uma das linhas de muralha do que teria sido um povoado do Calcolítico (cerca de 5000 anos); no lugar da RASA, vestígios (arrasados para plantio de vinha) do que poderá ter sido um povoado do Bronze e Idade do Ferro (...). Em ambos surpreendeu-nos o número significativo de «moínhos manuais» (em granito) espalhados pela área! No Castanheiro do Vento foram feitas recolhas de superfície de fragmentos cerâmicos, predominando as «cerâmicas penteadas» características do Calcolítico.
Vestígios significativos de Romanização existem nos lugares de: SEQUEIRA, CHÃO DO ABADE e VALE DA AMOREIRA, parecendo-nos serem as três, antigas «Villae Romanas».
Sobre a sua história no período Medieval, valerá a pena citar excertos da obra de Manuel Gonçalves da Costa «História da Diocese de Lamego»:
«A Horta de Numão era-o de facto em sentido agrícola dada a fertilidade dos campos nas margens da ribeira Teja, dos quais se abasteciam os moradores do morro mais árido do castelo. Passou, contudo, a designar-se por Horta de El-Rei quando D. Afonso III lá adquiriu uma herdade que aforou em 1268. Mais tarde, D. Dinis cedeu o lugar a Egas Mendes e mulher, para a granjear mediante um foro de 8º dos frutos «por razão do herdamento que chamão Orta do Rei». Das terras por romper, o enfiteuta pagaria apenas a 10ª parte da colheita. O contrato era válido apenas até à morte de um dos cônjuges, que foi a mulher, sendo contudo o viúvo autorizado a continuar o granjeio da propriedade em sua vida. O mesmo monarca cedeu o senhorio de Horta a seu filho bastardo Fernão Sanches o qual, pelos anos de 1314, lhe deu foral, elevando-o à categoria de vila com jurisdição própria e privilégios de concelho, o que explica a existência do pelourinho. No judicial, contudo, ficava dependente de Numão. Com exclusão do casal de Egas Mendes, a terra foi repartida pelos outros 9 vizinhos com o foro anual da 5ª parte do pão, vinho, linho e legumes pagos ao senhor donatário. Pelo Natal, cada família era obrigada a levar-lhe mais um cabrito e um alqueire de trigo.
D. João I parece ter-lhe suspendido as liberdades municipais ao pretender recompensar com ela, a 10 de Setembro de 1384, a Gonçalves Pires, por serviços prestados à coroa, pois designa-a por «aldeia que é a par de Numão». A posse contudo não deve ter-se efectivado porque, a 7 de Dezembro do ano seguinte, Horta seguiu a sorte do Castelo nas desmesuradas doações reais a favor do marechal Vasques Coutinho. O foral deve ter contribuído para o desenvolvimento da nova vila, ainda que moderadamente, pois no censo de 1527 ela alinha entre os concelhos mais reduzidos do Reino com apenas 30 fogos.»
Em 15 de Dezembro de 1512, alcançou de D. Manuel o seu foral novo.
No século XVI, já no reinado de D. João III, surge como sua donatária a princesa D. Guiomar, em substituição dos Condes de Marialva.
A Horta, no século seguinte, durante o reinado de D. Afonso VI, veio a ser anexada à câmara de Freixo de Numão, à semelhança do que tinha acontecido com Numão.
O Património Rural está bastante descaracterizado devido às novas construções com motivos arquitecturais «importados»!
Quanto a edificações religiosas possui a antiga Igreja Matriz, que dizem ter sido construída em tempos de D. João III! E a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, na Lameira, à qual atribuem a data de 1040. Na arquitectura civil destaca-se uma «casa apalaçada», da família Araújo Negrão, com brasão, do século XVIII, bem como o PELOURINHO.
«...Ao centro do terceiro degrau repousa a plataforma, peça igualmente circular, concordante, com saliente rebordo superiormente a modo de moldura plana (...) O fuste... de tosco aparelho, secção quadrada com insipientes chanfros irregularmente definidos ao longo dos ângulos, sobre o fuste, até ao capitel constituído por moldura rebordante e estreita gola circular subindo em secção cilíndrica até ao largo ábaco com feição de cornija de quatro faces iguais, muito salientes... Ao meio do plano quadrangular da mesa encontra-se o «remate» da picota, tronco do cilindro como prolongamento do fuste...»
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.
Maria Elisa Loureiro, Horta do Povo. O melhor livro ainda é o da vida, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2008.