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Santa Comba
Tomadias
Vestígios da Pré-História no termo da freguesia de Santa Comba de Foz Côa, encontramo-los no CASTELO VELHO, ali bem perto do rio Côa. Se neste outrora povoado fortificado podemos encontrar materiais dos III a II milénios antes de Cristo, nas margens do Côa, os vestígios do Neolítico e Paleolítico poderão vir a ser inventariados.
Numa outra zona, denominada de CASTELOS, não deixará de haver vestígios da denominada Pré-História recente.
O lugar das CASINHAS ou RAMILA possui vestígios que vão desde a Romanização ao período pós-Medieval. Alguns historiadores colocaram já a hipótese de ali ter existido, igualmente, um pequeno povoado Visigótico.
O tecido urbano da actual freguesia apresenta sinais antiquíssimos de ocupação. Ao contrário de Chãs, que foi apenas lugar até um período tardio, Santa Comba, polo número mais elevado de moradores e fogos, deve ter tido sempre uma condição de paróquia dependente do Município de Longroiva.
Citando o Dr. Adriano Vasco Rodrigues, na sua obra «Terras da Meda», (em documento do século XVIII):
«SANTA COMBA, lugar do termo de Longroiva, da mesma comenda da Ordem de Cristo, na Comarca de Trancoso (antes de Pinhel), bispado de Lamego, donde dista 11 léguas, de Lisboa 58; o povo e igreja paroquial de Nossa Senhora dos Prazeres está num alto vale entre dilatadas campinas.
Tem no altar-mór o Santíssimo Sacramento, nos colaterais a Senhora do Rosário e o Santo Nome de Jesus; tem Irmandade das Almas. O Pároco foi cura posto pelo vigário de Longroiva, passou a vigário colado da Ordem de Cristo, que fará 170$000 réis. O Coadjutor, também da Ordem, colado, terá 70$00 réis; provêm-se por concurso da mesa da Consciência e Ordens...
Contava, em 1527, 20 moradores, sendo o lugar mais povoado a seguir à Vila de Longroiva!
Num documento existente na Torre do Tombo, que tem a data de 18 de Maio de 1758 e a assinatura do vigário de Longroiva, Fr. José Soares, lê-se, entre outras coisas:
«(Longroiva) é cabeça do termo e lhe estão sujeitos os lugares de Santa Comba, que tem duzentos vizinhos e o lugar de Fonte Longa, que tem cinquenta vizinhos.»
Voltando ao Censo de 1527, nele se enumeram, no concelho de Longroiva, 89 moradores na vila e 42 no termo, assim distribuídos: 20 em Santa Comba, 7 na Torre (provavelmente o anterior topónimo de Chãs), 3 na quintã de Tristâo Teixeira, 10 na quintã de Fonte Longa e 2 na Veiga.
O lugar da RAMILA, hoje termo do Santa Comba, ali bem perto do Massueime (sítio arqueológico por excelência, como atrás se citou), era ainda habitado no século XVI e, ao contrário do Santa Comba, que pertencia a Longroiva, este encontrava-se incorporado no concelho do Marialva. No Censo deste concelho, de 1527, consta que o mesmo concelho tinha 534 vizinhos assim distribuídos: 68 intra-muros (do Castelo de Marialva) e 73 no Arrabalde, 30 na Barreira, 41 em Paipenela, 8 no Carvalhal, 40 na Gateira, 71 em Vale de Ladrões, 71 na Coriscada, 106 no Rabaçal, 6 em RANILA (ou Ramila)...»
Teve esta terra inicialmente como Padroeira Nossa Senhora dos Prazeres que veio, posteriormente, a ser substituída por Santa Comba.
No século XVIII, na altura das famosos inquéritos paroquiais, a sua população estava alojada em 212 fogos. Referente a este período há ainda indicações de naturais ou residentes de Santa Comba terem sido vítimas do Tribunal do Santo Ofício de Coimbra.
Com a extinção do concelho de Longroiva, em 1836, passou a ficar enquadrada no de Marialva, onde permaneceu até ser integrada no concelho de Vila Nova de Foz Côa, em 1855.
Floresceu nesta freguesia uma importante indústria de olaria que se comercializava por toda a região. A «loiça borneira» de Santa Comba era já isenta de contribuições reais no tempo de D. Afonso V.
Na freguesia de Santa Comba a descaracterização do tecido urbano não é muito acentuada. Existem ainda muitas «casas com balcoadas e alpendres» dignas de ser salvaguardadas.
No Património religioso temos a salientar:
- IGREJA MATRIZ - do século XVIII. Entre os elementos que a compõem salientamos: nave única; na frontaria o pórtico e janela revelam ornatos barrocos, tal como o coroamento recortado; coro-alto em betão (!); cobertura em abóbada de berço de madeira; altares em talha de derivação «rocócó», repintados.
- CAPELA DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE - data de 1873. É de nave única e tem altar relativamente recente.
- CAPELAS DE SANTO ANTÓNIO E Nª SRª DA PENHA - edifícios deste século.
O mesmo acontece com a Capela de S. Sebastião (de data indeterminada) no que respeita à ausência de motivos arquitectónicos de relevo.
- CASA BRAZONADA - do século XVIII. Vãos das janelas em arco abatido com molduras ornamentadas; pedra de armas ao centro.
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.