Como acontece um pouco com todas as freguesias que hoje têm o seu termo a confinar com o rio Côa, também no limite desta freguesia, mais precisamente na Quinta da Barca, existem vestígios do Paleolítico Superior (foi inventariada uma gravura rupestre simbolizando um caprídeo).
Joaquim Trabulo, na sua obra «Chãs de Foz Côa», faz menção de vários povoados castrejos. No entanto, apesar de crermos que lugares haverá ainda não inventariados, da Idade do Bronze (II milénio antes de Cristo) temos o denominado Castelo Velho (que alguém já referenciou com o topónimo Castro dos Tambores!), com estudos de machados, cerâmicas e um punhal, já realizados.
Vestígios de romanização são já significativos, até porque bem junto à aldeia podemos ver dois troços de «calçada Romana» que ligam esta zona tanto ao Vale da Veiga como a Santa Comba e às margens do Côa. As vias eram (e são) condicionante de povoamento, daí a justificação da existência de uma importante «Villa» senão mesmo «Vicus» na zona das Quintas, mesmo ali junto ao actual povoado.
O topónimo «Torre», que referencia (segundo Joaquim Trabulo) o topónimo antigo de Chãs, poderá muito bem ser indicador da existência, ali, de uma imponente torre que, inclusivamente, tivesse funções de defesa e vigia ao longo de toda a Idade Média!
Mesmo no período de ocupação Romana, o Vale do Côa deve ter sido apetecido nas áreas dos termos das actuais freguesias de Muxagata e Chãs. Disso são testemunhos os vestígios encontrados nas Quintas de Santa Maria (Ervamoira)e da Barca.
Ao contrário do que alguns historiadores citam a propósito destas terras, o despovoamento não se deve ter consumado, antes, nos períodos medieval e moderno, a continuação de um povoamento disperso, pelas denominadas Quintas.
Foi aliás, sempre, uma das características das gentes que habitaram estas terras do termo de Chãs. Em relação a um período mais contemporâneo, é só olharmos para inúmeros desses pequenos aglomerados populacionais hoje abandonados: Abrolho; Abelheira de Cima; Abelheira de Baixo; Vale Cheiroso, entre outros.
Com o florescimento dessas quintas deve ter-se dado, igualmente, o florescimento, senão mesmo o desabrochar de um povoado concentrado, que viu a velha Torre ruir, ruindo com ela o nome e a memória, pois os novos povoadores estavam embrenhados, de alma e coração, no devastar dos matagais daquelas terras «férteis e chãs»!
E desde então não mais as suas gentes deixaram de acreditar que o solo fértil, o espírito empreendedor e mercantil em muito poderiam contribuir para consolidar este historicamente recente núcleo urbano.
Nas últimas duas décadas a freguesia passou a beneficiar de diversos melhoramentos que muito contribuíram para uma melhor qualidade de vida dos seus habitantes: abastecimento de água do domicílio (da Barragem de Ranhados); introdução do saneamento; abertura de ruas e calcetamento das ruas da povoação; melhoria de acessos a outras localidades; melhoria de caminhos vicinais; construção da sede da Junta de Freguesia, da sede da ACRD de Chãs com Posto Médico; da Residência Paroquial, com Centro de Dia, e do Lar de Nª Srª da Assunção.
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.
Joaquim Trabulo, Chãs de Foz Côa - A sua História, a sua Gente, [S.l.: s.n.], 1992.