No termo da freguesia de Sebadelhe não temos, por enquanto, referência de vestígios de relevo em relação a ocupações durante a Pré-História. Vários têm sido os historiadores a tentar referenciar, no lugar do Castelo, um provável Castro da Idade do Ferro. Disso estamos também convictos. São já importantes e vastos os vestígios dos primeiros séculos da nossa era (período da Romanização), encontrando-se esses mesmos vestígios (de restos de tégula, imbrices, dolium, pedra de aparelho, opus signinum...), nos lugares de REI NEMÃO (perto já da ribeira Teja - margem direita), QUINTA DAS VENDAS e SOUTINHO / VALE DE JUNCO (este bem perto do lugar do Castelo).
Segundo Pinto Ferreira, na sua obra «0 Antigo Concelho de Freixo de Numão», o terramoto de 1755 teria feito derruir velhas ruínas de uma torre, talvez restos de um Castelo Medieval. Ainda, segundo a tradição, o provável Castelo medieval de Sebadelhe teria sido reedificado sobre as ruínas de um castro, por ordem de D. Sancho I (Vid. «Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses», do General João d' Almeida).
Num documento do século X, que faz referência de uma doação da Condessa D. Flâmula a D. Mumadona, aparecem citados vários Castelos entre os quais o de «Sebatelli» que alguns historiadores têm feito recair sobre «Sebadelhe da Serra». Poderá, no entanto, ser o mesmo deste Sebadelhe (concelho de Vila Nova de Foz Côa).
Nos fins do século XIV era aldeia do concelho de Numão, tendo dois dos seus habitantes, Domingos Cão c João Peres participado na reunião que escolheu o procurador concelhio às cortes de Torres Novas (1350).
No século XVI contava 30 moradores, conforme apurou o recenseamento de 1527.
Existe nesta povoação um monumento em granito, constituído por uma coluna oitavada, rematada por um capitel quadrangular dentado, que assenta numa base de dois degraus. 0 degrau inferior é quadrangular e o segundo circular. Tem sido considerado um pelourinho. Ultimamente foi avançada a hipótese de que se trata de um cruzeiro mutilado, provavelmente quinhentista. 0 facto de até agora não ter sido divulgada documentação a atestar que Sebadelhe alguma vez tenha sido vila não deixa de dar força a essa ideia.
Ainda no século XVI foi a igreja de Sebadelhe anexada à Universidade de Coimbra. Como proprietária que era, cabia-lhe fazer obras de conservação, como de facto veio a acontecer no início do século XVII e no século XVIII. Em 1602 entrava água na sacristia, pelo que foi decidido entulhá-la de forma a ganhar altura, evitando assim a penetração das águas. No século seguinte arruinou-se o campanário, sendo de novo pedida a intervenção da Universidade.
À semelhança de outras povoações, são do século XVIII alguns dos principais edifícios religiosos e particulares. Encontram-se neste caso a capela de Nossa Senhora da Piedade, a Capela de S. Sebastião e a Casa da Família Donas Boto.
Nos alvores do século XIX dá-se a reconstrução da igreja matriz que o terramoto de 1755 tinha arruinado.
A freguesia de Sebadelhe possui ainda um conjunto de habitações originais que remontarão aos inícios do século XVII. Muitas delas são tipicamente «Judaicas» e a atestar esse epíteto, decorações a mesmo epígrafes! Casas com balcões e varandins «típicos» são de preservar.
O Património Civil apesar de não numeroso não deixa de ser significativo, havendo a salientar:
- O PELOURINHO (?) - imóvel do interesse público (D.L. nº 23.122 do l 1/10/1933). A base e a coluna são poligonais; o capitel é quadrangular ornamentado nas quatro faces com motivos antropomórficos.
- Casa Brasonada da Família DONAS BOTO - do século XVIII. A casa, em si, não tem qualidade formal significativa. Há a salientar dois tectos de salas pintados e a fachada de cantaria da capela de Santo António, anexa, que apresenta características claramente Barrocas e um bonito «relógio de Sol»!
- FONTE DE BAIXO - que é de mergulho e abertura em arco de volta perfeita. Forma volume cúbico e integra um escudo coroado. Será do século XVII (?).
- FONTE DE CIMA - Fonte de mergulho com abertura em arco de volta perfeita, entaipada. Forma volume cúbico e possui coroamento piramidal, rematado com cruzem cuja base se observa o crânio de Adão.
D0 PATRIMÓNIO RELIGIOSO salientamos:
- A IGREJA MATRIZ - do final do século XVIII e terminada (a obra) em 1801. É de nave única; fachada barroca ritmada por pilastras e à qual está adossado o campanário e um chafariz; fenestração e portas laterais em arco com moldura decorada; cobertura interior em abóbada de berço do madeira; o altar-mór é de talha oitocentista.
- Capela do SANTO MÁRTIR ou S. SEBASTIÃO - do século XVIII, barroca. É de nave única. 0 pórtico é de características claramente barrocas, tal como o coroamento. O retábulo é em talha do estilo Joanino, muito deteriorado. Foi mandada edificar por Miguel Donas Boto.
- Capela de NOSSA SENHORA DA PIEDADE - de época indeterminada; nave única; pórtico em arco de volta perfeita; fachada precedida por alpendre, murado com portão enquadrado por pilastras; colunas de capitel simples como quase único elemento de sustentação.
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.