Nos limites da freguesia de Seixas do Douro encontramos vestígios pré-históricos no lugar denominado de CASTELO VELHO, localizado junto à ribeira Teja, ali bem junto do caminho que seguia para Numão. Pelos materiais recolhidos tratar-se-á de uma fortificação do Bronze final com uma prolongada ocupação durante a Idade do Ferro.
No lugar do Castelo, bem perto do denominado Alto das Seixas, mas ali bem perto do centro do actual povoado, poderá albergar-se um povoado da Idade do Ferro, depois romanizado, como aconteceu noutros lugares (Mós, Freixo, Cedovim, Muxagata, entre outros).
Do tempo dos Imperadores seria uma importante Villa no lugar da Quinta do Vale, de onde se recolheram importantes materiais.
Durante a Idade Média os moradores dos diversos lugares agruparam-se em volta da Igreja Matriz (a atestar pela grande quantidade de pedra de aparelho que se encontra nos muros das propriedades localizadas entre a Igreja e a Fonte dos Cântaros e Quinta do Vale). A Igreja manter-se-ia no mesmo lugar, mas a população subiu mais a encosta e assentou em volta não da Matriz mas da Capela de Santo António, que datará de 1694.
Tinha um lugar anexo que ainda hoje se denomina Cazal e onde os vestígios de um pequeno povoado são bem visíveis.
Segundo Pinho Leal, existiu nesta localidade um antigo convento beneditino que tora sido fundado no século VII. Em consequência das invasões árabes foi destruído em 981 pelo Almançor, que assassinou todos os frades que pôde alcançar.
É tradição de que a primitiva Igreja Matriz foi a antiga Igreja conventual que teve de ser completamente reedificada
O facto de ser S. Martinho o padroeiro parece confirmar esta tradição.
Em 1380, Seixas foi uma das aldeias do concelho de Numão que participaram numa reunião destinada a nomear o procurador às cortes de Torres Novas. Pelas Seixas testemunharam, na procuração concelhia, João Miguéis, Afonso Eanes e António (ou Antoninho) Martins.
No século XVI, as Seixas continuavam a ser uma freguesia pouco populosa, atribuindo-lhe o recenseamento de 1527 apenas 13 moradores.
Santo António e Santa Marinha figuram entre as outras devoções dos habitantes das Seixas com referências pelo menos a partir do século XVII. Relativamente a S. Martinho sabe-se que, no século XVIII, ainda era costume oferecerem-lhe os devotos duas telhas, na crença de que ele os protegeria das sezões.
Nas Seixas residiram e nasceram algumas das personalidades mais importantes do concelho. Nos fins do século XVIII, o capitão-mór de Freixo de Numão, Francisco António, tinha aí a sua casa principal.
Em 1844, o termo das Seixas seguia a divisão do de Murça por ordem inversa desde a Pesqueira do Cento e Vinte até à encruzilhada do Rumansil e daqui até à ponte velha seguia todo o ribeiro abaixo até ao Douro.
No século XVIII a família dos Aguilares construiu um belo Solar que veio a denominar-se de Casa Grande, ao estilo da época e um pouco por todo o País.
O sumagre, o vinho e a amêndoa têm sido as culturas que têm motivado, nos últimos dois séculos, esta gente que, para subsistir, é capaz de «remover fragas»!
Todos os anos se faz a festa a S. Martinho. Ninguém com mais realismo e arte nos falou desta tradicional festividade, desta localidade, do que o Dr. José de Aguilar no seu livro "Noite de S. Martinho":
Citemos pois o autor:
«... A tradição é isto e tudo quanto o povo herdou. Ela traz consigo o sentido da imortalidade. Cumpre-se; não se discute; mantém-se não se impõe. É um tributo em jóias, é um dos anéis inoxidáveis da vida olímpica deste povo que no seu horário tem horas para rezar...»
No tecido urbano a descaracterização atingiu já um grau de irreversibilidade, a acrescentar à pouca qualidade dos edifícios da Rua Principal (em xisto).
Temos em saliência a CASA GRANDE ou SOLAR DA FAMILIA AGUILAR, do século XVIII, barroco, de planta rectangular. Das características principais deste Solar temos a destacar: varanda curvilínea que enquadra pórtico e remete para brasão, inscrito em frontão curvo; janelas em arco abatido e mulduradas.
- A FONTE DOS CÂNTAROS é de data indeterminada e não deixa de ser uma obra de arte de características simples, como simples é aliás a gente e a aldeia maravilhosa de Seixas do Douro!
No PATRIMÓNIO RELIGIOSO temos a registar:
- A ERMIDA DE S. MARTINHO, de data indeterminada e sem motivos arquitectónicos de relevo. A Imagem do santo costuma ter, a seus pés, uma botelhinha de vinho, que é colocada em cada ano do dia da sua Festa (11 de Novembro), no fim da procissão que se organiza até lá.
- A CAPELA DE SANTO ANTÓNIO, de data indeterminada (mas muito antiga), de nave única; porta em arco recto com moldura simples; pináculos piramidais nos remates laterais e cruz ornamentada na base; altar em talha relativamente recente.
- A IGREJA MATRIZ, de nave única; pórtico em arco abatido, encimado por medalhão com a data de 1793 incisa (provavelmente, data de um dos restauros); o coroamento da Igreja é constituído pela sineta, de duas aberturas sineiras em arco de volta perfeita; altar do século XVIII.
António N. Sá Coixão e António R. Trabulo, Por Terras do concelho de Foz Côa - Susídios para a sua História - Estudo e Inventário do seu Património, Vila Nova de Foz Côa, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2ª edição - 1999.