Paisagens severas no seu traço natural, indelevelmente vincadas pelos sulcos vigorosos dos seus rios, o Douro e o Côa, que ligaram as gentes desta região ao exterior e permitiram granjear a sua riqueza, constituem um cenário de grandiosidade pela minúcia com que os artistas impressionaram os vastos campos agrícolas semeados de simpáticas vilas e aldeias.
Nas ondulações do relevo, as povoações arrumam-se nos cumes mais aplanados, de onde podem observar os povoados vizinhos rodeados de vinhas, amendoeiras e oliveiras nos dias claros e de intensa luminosidade. Noutros, porém, em que a neblina cerceia os horizontes e a melancolia os invade, é o convite à interpretação dos espaços de proximidade, dos modos de ser e de fazer de uma população que fez do estoicismo o seu estatuto e, resistentemente, ergueu o cenário transcendente que nos admira, empolga e extasia.
Belezas ancestralmente buriladas por trabalho árduo e porfiado, impõe-se que sejam observadas dos locais mais alcandorados. Dos inúmeros miradouros do concelho, de onde a vista se espraia e se perde na bruma e nos confins da serrania, que a natureza ergueu mas o homem elegeu e aí instalou espaços de oração e de lazer, completam quadros de extasiante bucolismo.
Retiros de silêncio, paz, meditação, mas também de saudável convívio, os Miradouros do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, no alto, fazem-nos estar entre o céu e a terra, prescrutar o labor das suas gentes no amanho dos campos, divisar as suas aldeias batidas pelo sol e, beleza sublime, observar as deambulações dos seus rios entre os dorsos corcovados dos gigantes que as mãos dos seus homens domaram.