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Murça

História

Desconhecemos no termo de Murça do Douro qualquer vestígio humano ligado à Pré-História. No período de ocupação romana o lugar da Senhora da Esperança foi escolhido para cruzamento de vias. Ali se encontrava a via principal que atravessa todo o Vale dos Escorna Bois e uma via secundária que partia da via principal no lugar da Pedra Escrita (termo da freguesia de Freixo de Numão), atravessava toda a Vendada (onde existe uma série de estações arqueológicas do período de ocupação romana) e descia todo o Rumansil até à Senhora da Esperança.

No termo desta freguesia encontramos dois importantes sítios arqueológicos denominados de RUMANSIL I e RUMANSIL II. No primeiro têm decorrido importantes escavações arqueológicas, tendo sido posta a descoberto uma Vila Rústica, onde encontramos várias actividades: moagem, vinificação, tecelagem e fundição de chumbo.

Também no lugar das Areias se encontram vestígios deste período.

Segundo Pinto Ferreira na sua Obra «O Antigo Concelho de Freixo de Numão» o topónimo MURAÇ ou MUÇA Iembra o período da reconquista cristã na Hispânia e o repovoamento dos territórios deixados pelos Muçulmanos, nos séculos IX a XI. Não acreditamos, sinceramente, em qualquer acto de arabização destes territórios, pelo que muitas dúvidas poderão continuar a persistir quanto ao topónimo a origens de MURÇA DO DOURO.

Nos inícios do século XIV, Murça era paróquia anexa de Numão e pertencia a D. Dinis, que a doou, em 1 de Janeiro de 1302, à Mitra lamecense com todos os seus rendimentos, excepto a terça do bispo.

Tanto quanto sabemos, os habitantes de Murça desde muito cedo intervieram na vida do concelho. Em 1380, ao ser necessário nomear um procurador do concelho às cortes de Torres Novas, Murça é uma das povoações a subscrever o documento que nomeia o representante numantino. Nele assinam por Murça, Martim Sobrinho e João Sapateiro.

O núcleo primitivo deve ter nascido à sombra de um primitivo templo cristão, no mesmo lugar onde se encontra hoje a Matriz. Aliás todas as ruas envoltas mostram uma tipicidade e uma ancestralidade dignas de atenção e registo.

No primeiro quartel do século XVI apresentava 31 moradores. Com o andar dos tempos, o aumento da população foi ampliando o casario. Daí que no século XVII a Igreja seja restaurada e ampliada, como nos mostram datas gravadas na torre sineira. O orago desta Igreja foi e é Santa Senhorinha.

Dá entrada no pequeno templo um portal, cujo traçado lembra o manuelino pobre. Encima o campanário uma Cruz, na qual está esculpido o Senhor Crucificado, como que a recordar aos homens que é a DOMUZ DEI.

Ainda no século XVII nasce um aglomerado de casas no lugar do CASAL. O Licenciado S. da Mota, natural deste lugar, com gente de Parada do Ester ergue uma Capela no lugar, com devoção a S. João, que tinha três missas na semana.

Hoje é o citado lugar do CAZAL um conjunto harmonioso que urge salvaguardar e não destruir. Aliás, esta a ser elaborado um estudo para essa salvaguarda.

No cimo da aldeia, enterradas, continuam as pedras que serviram para moer o sumagre. A Junta de Freguesia pensa ali fazer um largo. Bom era que essas pedras fossem aproveitadas e se reconstruísse, no mesmo futuro Largo, a «memória das atafonas» que em tempos idos foram o ganha-pão para muitos habitantes de Murça do Douro.

A 22 do Abril festeja-se Santa Senhorinha. Prova da velha crença na protecção da Santa Padroeira de Murça, são as trovas que na mesma ocasião se cantavam, em grupo:

Santa Senhorinha, nossa Padroeira És neste dia a nossa roseira. Ai como tu não há há igual Neste cantinho de Portugal.

A freguesia de Murça do Douro, alcandorada numa escarpa, que tem tanto de belo como de agreste, tem vindo, ao longo dos anos, a ser descaracterizada com elementos de construção sem estilo. Resta, no entanto, quase intacta, a zona (já atrás referida) do CAZAL, que deve ser sujeita a um «Plano de salvaguarda».

Dentre o Património Religioso salientamos:

A IGREJA MATRIZ - dos séculos XVI-XVII (na fachada existem as datas de 1670 e 1692) é da invocação de Santa Senhorinha. É de nave única e pórtico em arco de volta perfeita. A fachada principal é coroada com sineta de duas aberturas sineiras. Os altares são em talha de estilo nacional.

A Capela de S. JOÂO - em ruínas, datando do século XVII. Era de planta rectangular. Subsiste parte da frontaria, em cantaria, onde se salienta a porta em arco do volta perfeita enquadrada por pilastras e encimada por inscrição.

A Capela e Ermida de NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA - do século XVIII, de nave única, pórtico em arco abatido encimado por friso a óculo quadrilobado vazado; coroamento curvilíneo na frontaria.


Mós

História

No termo da freguesia de Mós do Douro encontrámos vestígios de ocupação milenar nos lugares de Campanas e Castelo Velho. Tratar-se-ão de pequenos povoados fortificados da Idade do Bronze, a avaliar pelas notícias de achados que chegaram até nós.

Ao contrário do que se passa no Noroeste Peninsular, na região da terra quente do Douro a civilização castreja assentou arraiais não no cimo dos montes mas antes em planaltos ou pequenas elevações encaixadas em vales. Daí que no I milénio antes de Cristo os homens do ferro se tivessem fixado na zona do Castelo, lugar esse depois Romanizado e constituído por uma pequena Vicus, isto a avaliar pela áreaem que predominam os vestígios de materiais daquele período. Sepulturas e uma inscrição funerária (fechando com as comuns siglas S.T.T.L. - que a terra te seja leve), entre outros materiais, atestam essa ocupação.

Outros lugares do termo de Mós devem ter tido ocupação (quer no período de ocupação Romana, quer na Baixa ou Alta Idade Média) casos da Aldeia Velha, lugar das Fontaínhas (muitas vezes citadas como Fontanas).

Em 1380, o concelho de Numão reuniu para nomear o seu procurador às cortes de Torres Novas. Segundo a procuração, coube essa incumbência a João Eanes, da aldeia das Mós. No mesmo documento assina ainda, como testemunha, Gonçalo Martins, também das Mós.

Tinha a freguesia no século XVI um núcleo populacional de certa importância, 52 moradores segundo o censo de 1527, que pagavam à sua abadia uma renda de 20.000 réis no segundo quartel do século. Ainda no campo dos rendimentos eclesiásticos, sabe-se que o Bispo cobrava aqui a taxa de 2.000 réis por direitos de confirmação dos párocos.

Em meados do século XVI, a igreja das Mós era dos Condes de Marialva, a quem pertencia o direito de nomear os párocos. Posteriormente, uma bula de 14 de Março de 1583, permitiu a transferência da sua posse para a Universidade de Coimbra, ficando as suas rendas a reverter para os cofres universitários. Recorde-se que na época era comum as universidades possuírem os seus próprios rendimentos, o que lhes permitia serem autónomas financeiramente. A ligação à Universidade coimbrã ainda hoje é visível em numerosas epígrafes a indicarem os limites das propriedades universitárias.

Em termos monumentais é o século XVIII que se evidencia, sendo datados desse período a denominada Casa do Campos ou Campinhos e a Igreja Matriz. Nesta época, as Mós possuíam já uma população de 317 habitantes.

A transição do paganismo para o cristianismo deve ter sido feita sem grandes choques já que até ao século XVIII ali se manteve, no mesmo local (Castelo) a Igreja Matriz (hoje cemitério). Nos finais desse século, atendendo ao crescimento da população e expansão da área urbana para poente, a Igreja foi transferida para o Largo do Terreiro.

Como todas as povoações de entre Douro e Côa deve ter recolhido famílias judaicas. Uma inscrição característica de «voto de cristão-novo» encima uma das portas de uma casa na Rua do Castelo.

No século XVIII uma família enobrecida marcou certamente a economia da aldeia, florescendo graças ao aproveitamento do Sumagre, da cultura da vinha, azeite e amêndoa. Já em 24 de Março de 1758 o Abade de Mós, respondendo ao inquérito mandado elaborar pelo marquês de Pombal, em todo o reino, respondia assim: "Os frutos desta terra que os moradores recolhem com maior abundância são azeite, pão de trigo, centeio, cevada, lentilhas, sumagre, vinho, amêndoas, cebolo; o pão e o vinho é o melhor."

Desses tempos chegou até nós uma casa apalaçada, com brasão, conhecido por Solar dos Assecas. Pertenceu ao primeiro Barão de Foz Côa, Francisco António Campos e foi posteriormente adquirida pela família Gaspar.

Teve a freguesia de Mós do Douro, no seu historial, homens ligados às correntes progressistas. Em pleno desabrochar do Liberalismo, alguém, muito convicto dos valores da revolução, mandou gravar por cima da porta de sua casa as palavras «Et Pluribus Unum - 1820» (um por todos e todos por um) frase essa que se adapta bem ao lema das revoluções de então, cunhadas com a trilogia da libertação assente na Liberdade - Igualdade - Fraternidade.

As Mós sofreram nos princípios do século XIX a entrada das tropas napoleónicas, após estas terem ocupado Freixo de Nurnão em 26 de Janeiro de 1811. A população impossibilitada de resistir abandonou a povoação refugiando-se nos montes próximos do Janvâo, com excepção do pároco P. António de Almeida. As lutas fratricidas entre liberais e absolutistas não pouparam também as Mós, que viu morrer nas operações do cerco do Porto o soldado Bernardo António Rolo e mais tarde o moleiro José Polido, assassinado pelos partidários dos Marçais.

O crescimento populacional verificado entre os séculos XIX e XX deve-se, certamente, à linha férrea do Douro, à construção da estação de Freixo e à grande ocupação que foi dada, aos moradores de Mós, pelos Caminhos de Ferro Portugueses.

Esta Paróquia (no dizer do padre Manuel Gonçalves da Costa - obra "Diocese de Lamego") nunca constituiu centro nem cível nem eclesiasticamente independente, mantendo-se sempre anexa a Freixo de Numão, embora de princípio o pároco usufruísse de passais próprios com obrigação de missas, e fosse apresentado pelo povo. Como sucedeu com Freixo, as suas rendas foram aplicadas à Universidade de Coimbra a 14 de Março de 1538.

Em meados do século XVIII tinha três ermidas (sendo todas do povo e nenhuma particular): a de Santa Bárbara, num cabeço defronte do povo e à distância de um tiro de mosquete; uma no meio do povo, que é da Senhora da Graça, que era onde estava o Santíssimo; outra no fundo do povo, que é de Santo António.

Toda a margem do Douro, em pleno termo de Mós, foi palco de grande azáfama no tempo da ocupação romana, isto porque as areias continham muito ouro. Era a corrida à extracção do «ouro de aluvião»! No entanto, em 1758, no inquérito atrás citado, terminava o abade de Mós com a seguinte descrição: "Achei que haverá 30 a 40 anos chegaram uns homens estranhos com instrumentos de escudelas e que tomavam areias do rio e que depois as purificavam e que as botavam em taleigas e que diziam que era oiro o que levavam!" Hoje, com o rio parado pelas albufeiras das barragens, ninguém mais se atreverá a purificar as areias em busca do oiro!

Em 1854 deixa de pertencer ao concelho de Freixo de Numão e integra concelho de Vila Nova de Foz Côa.

Para mais pormenores sobre a história desta terra e destas gentes laboriosas, nada melhor que remetermos os nossos leitores para a Monografia elaborada por Dr. Joaquim Castelinho.


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Freguesia de Freixo de Numão e Murça


Freguesia de Custóias


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